MENSAGEM DE NATAL DO PRIOR AOS CONFRADES DA CANONIA DE MONTES CLAROS

São Norberto

Queridos Confrades,

Estando já em plena novena da preparação às Celebrações do Santo Natal, há alguns dias atrás recebemos a carta de Natal de nosso Abade Geral, Dom Thomas, na qual ele nos recorda a importância da noite Santa do Natal para nossa Ordem, pois ela significa para nós (como, claro, para todos os cristãos) o Mistério infinito do Amor Misericordioso de nosso Deus que Se encarna e irrompe na história da humanidade nessa Santa e Feliz Noite, vindo à Luz do seio virginal de Maria, para assumir nossa vida, nossa miséria, nossa humanidade e dar-nos sua Divindade, a Filiação Divina. Além disso, porém, essa Noite Santa é para nós duplo motivo de alegria, pois significa e celebra também para nós Premonstratenses, a noite da natividade de nossa Ordem, quando na Silente Luz dessa Noite Santa de 1.121, Norberto e seus primeiros companheiros emitiram e assinaram sobre o Altar e depositaram no Presépio os seus votos religiosos em Premontrè. Ali se coroava a conversão iniciada em Fredem aos 28 de maio de l.l15 e assumida no momento em que Norberto, já trabalhado pela Graça de Deus, decide assumir “a veste e o ornamento do homem novo” significando pela veste a vida religiosa e pelo ornamento o ministério sacerdotal, e é ordenado aos 18 de dezembro do mesmo ano.

900 anos da Conversão de São Norberto

Desde então, vestindo-se de penitente, e vivendo despojadamente como Pregador Itinerante, nós o vemos acusado no concílio de Fritzlar, por vestir-se como um monge sem pertencer a nenhuma família religiosa, mas sendo membro de um cabido canonical secular. A partir disso, Norberto oficializa seu despojamento, desfazendo-se de todos os seus bens e de sua prebenda de cônego de Xanten e vivendo exclusivamente da Providência Divina. Porém somente na Noite Santa do Natal de 1.121 é que, oficialmente, ele funda e assume uma Família Religiosa aos pés do Presépio, com seus primeiros companheiros. Lembra-nos dom Thomas, que este gesto e esta opção de nosso Pai São Norberto são imperativos para nós, pois centralizam no nosso carisma, na nossa vocação e missão, o Mistério da Encarnação e do Natal, interpelando-nos a seguir os passos de Cristo, tornando-nos “homens a partir de Deus”, homens plenos, maduros, à imagem da “plena maturidade de Cristo” (cf. Ef 4, 13), o que significa nosso constante e crescente empenho de “humanização” num duplo sentido: sermos seres humanos maduros, íntegros; e sermos “humanos” no trato e convivência com os outros seres humanos, revestidos dos “mesmos sentimentos que havia em Cristo Jesus nosso Senhor” (cf Fl 2, 5), pois esse é o ideal de ser “homens a partir de Deus” e, como lembra São Paulo e abundantemente atestam os Evangelhos e demais escritos neotestamentários, os “sentimentos que havia em Cristo Jesus nosso Senhor” se sintetizam nas palavras amor, compaixão, misericórdia.Ano da MisericórdiaEtimologicamente, “Misericórdia” é a junção de duas palavras latinas: miseratio (compaixão) e cordis (coração), podendo, pois, entender-se como “coração compadecido”. O Abade Geral lembra-nos também que abrimos juntamente com o Papa e com toda a Igreja, o Ano Santo da Misericórdia, enquanto intercorre ainda, o “Ano da Vida Consagrada Religiosa” que ainda segue até o dia 02 de fevereiro de 2016. Nesse ano especial da Vida Consagrada Religiosa, que coincidiu para nós com o ano jubilar dos 900 anos da Conversão de São Norberto, ainda se acrescenta mais esta Graça do Ano Santo da Misericórdia.Ano da Vida Religiosa ConsagradaSe para toda a vida Consagrada Religiosa o ano especialmente dedicado à sua vocação e missão foi um forte apelo de renovação, de volta às fontes e ao vigor do “Primeiro Amor” (cf Apc. 2, 4), para nós ainda mais intenso deve ter sido este apelo, uma vez que celebrando o jubileu do marco inicial da conversão de nosso pai São Norberto, recordamo-nos de que ele fez da “conversão dos costumes” a primeira promessa de sua (e nossa) consagração religiosa e, portanto, um initerrupto projeto de vida e empenho de conversão que deve acompanhar toda nossa vida consagrada religiosa Premonstratense. E, ao iniciarmos o novo ano Litúrgico já sob o anúncio e na expectativa da Abertura do “Ano Santo da Misericórdia”, este apelo de conversão ao “coração do Evangelho”, de Cristo e de Deus, que é a Misericórdia, se nos torna ainda mais intenso e pungente. “Deus que é rico em Misericórdia, movido pelo imenso amor com que nos amou, quando estávamos mortos por nossos pecados, deu-nos vida juntamente com Cristo – é por Graça que fostes salvos!” (Ef 2, 4) E essa Graça irrompeu na história humana, revestida de nossa humanidade no “Menino que nasceu para nós, um Filho que nos foi dado” (cf Is 9, 6) e foi, pela Virgem que O gerou e no-Lo deu, depositado humilde e carinhosamente na manjedoura do Presépio. O Papa Francisco no início de sua Bula “Misericordiae Vultus”, lembra que “Jesus é o rosto da Misericórdia do Pai”. O papa São João Paulo II já afirmara que Jesus Cristo é o “rosto humano de Deus e rosto divino do homem”. O Apóstolo João nos diz: “Deus ninguém jamais O viu;… Seu Filho Único no-Lo revelou” (cf. Jo 1, 18). Portanto, no Menino do Presépio somos convidados a contemplar e experimentar o “rosto da Misericórdia do Pai” e apreender d’Ele a ter o “rosto divino do homem”, sendo “misericordiosos como o Pai”. Queridos irmãos, celebrando a noite Santa do Natal do Senhor e do Natal de nossa Ordem e de nossas vocações norbertinas, contemplemos o Menino do Presépio; contemplemos n’Ele nossa pequenez, nossas fragilidades humanas por Ele assumidas com infinita Misericórdia, Graça e Amor, entremos pela “porta da Misericórdia” afim de que, tendo encontrado misericórdia, imbuamo-nos, revistâmo-nos de Sua misericórdia e sejamos portadores, comunicadores, transbordantes de Misericórdia para com nossos confrades e demais irmãos e irmãs. Contemplemos no Menino do Presépio as fragilidades, as carências de tantos irmãos e irmãs clamantes por misericórdia e por encontrar encarnada em nossas vidas e ações de discípulos missionários de Cristo, a Ternura, a Misericórdia e Compaixão de nosso Deus que se encarnaram no “Menino que nos foi dado”, para que “a todos os que O receberam, os que creem no Seu nome, (dê-lhes) o poder de se tornarem filhos de Deus” (cf. Jo 1, 12) e de serem “misericordiosos como o Pai” é misericordioso. Celebrando, pois, o Natal de Jesus e o Natal de nossa Ordem, neste ano da Vida Consagrada Religiosa, neste ano Jubilar da Conversão de Nosso Pai São Norberto, neste Ano Santo da Misericórdia, que nossa Mãe e Rainha de nossa Ordem, seu esposo São José, nosso Pai São Norberto, Beato Hugo, Santa Ricvera, Santo Hermann José e demais santos e santas de nossa Ordem nos ajudem a contemplar profunda, amorosa e fielmente o Menino e toda a trajetória de Sua Vida, encarnação, expressão da Misericórdia infinita do Coração de Nosso Deus, experimentando profundamente Sua Misericórdia, para sermos transformados com Ele e n’Ele em expressão fiel da Misericórdia infinita do Pai! Que Este Menino, para Quem juntamente com sua mãe Maria e com seu esposo José “não havia lugar para eles na hospedaria” (cf Lc 2, 7), mas que foi sempre acolhido, amado, servido e promovido por São Norberto e seus primeiros companheiros (as) na hospedaria de Premontrè e de outras casas primevas de nossa Ordem, encontre nos muitos irmãos e irmãs que hoje jazem nos “presépios” das “periferias existenciais” deste mundo, acolhida aconchegante, amorosa e misericordiosa em nossos corações e em nossas casas que se abram quais portas da misericórdia para vivenciar dia a dia o Mistério do Natal!
Tenhamos todos um Santo e Feliz Natal!

Côn. Antonio Galvão de Campos Arruda Filho, O. Praem.
Prior de Regimine

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