A preparação do encontro
Por iniciativa, organização e constante estímulo do Abade Emérito Paulo Meyfroot, delegado do Abade Geral para a América Latina, os confrades do Brasil programaram e realizaram este segundo encontro da região.
Numa primeira reunião dos superiores e formadores das casas de Jaú, Montes Claros e Itinga, nesse último local, conveniou-se que esse encontro aconteceria no Priorado de Itinga, no mês de julho deste ano, e sob a coordenação de Pe. Rafael e dos irmãos desse Priorado, que durante o tempo de preparação, estariam colhendo sugestões e materiais com os irmãos das outras casas, até uma segunda reunião em que essas sugestões e materiais seriam analisados e concluídos para a preparação imediata do mesmo encontro. Essa última etapa aconteceu por ocasião da instalação do Priorado autônomo de Itinga, com a participação do Abade Geral, do Abade Emérito Paulo, do Prior de Montes Claros, e do Prior eleito de Itinga; além de dois confrades da Abadia de Jaú: Diácono Alcides e Ir. Josenildo, do confrade de Osorno: Pe. Rodrigo, de Pe. Rafael, e outros irmãos de Itinga.
Nessa reunião, o Abade Emérito Paulo sugeriu que, além do estudo do texto que o Abade Geral então se comprometeu de estar enviando às casas até à Páscoa de 2009, para que todos os participantes pudessem estudar nas próprias casas e preparar-se para uma partilha de aprofundamento durante o encontro, que os formadores e superiores pudessem, assessorados por um psicólogo ou psicóloga competente, refletir e debater algo iluminador, que os capacitasse melhor a afrontar o problema da inconstância dos jovens de hoje, e como melhor formá-los para decisões permanentes, definitivas na vida religiosa Premonstratense.
Ficou então decidido, que o Prior de Montes Claros procurasse ver a possibilidade de ajuda nesse sentido, do Professor Psicólogo Willian Castilho de Belo Horizonte (que além de lecionar no Instituto Filosófico e Teológico Santo Tomás de Aquino e na Pontifícia Universidade Católica de Belo Horizonte, assessora à Conferência Nacional dos Bispos do Brasil e à Conferência dos Religiosos do Brasil), ou então a psicóloga religiosa e formadora, Ir. Maria das Dores (que acompanha junioristas e irmãos e irmãs de diversas congregações, como membro da equipe de psicólogos da Conferência dos Religiosos do Brasil), e quanto esse investimento viria a custar, para que se estudasse a forma de poder assumir essa despesa, bem como as despesas de viagem de cada uma das casas. Uma vez feito isso, e conhecida a impossibilidade do primeiro, e a possibilidade (e data viável) da segunda, bem como o valor do investimento, conseguiu-se angariar recursos na Europa e ficou confirmada a assessoria de Ir. Dores no encontro.
Assim, por volta do mês de maio, ficou estabelecido o programa oficial do encontro, foram distribuídas as responsabilidades das presidências às diversas liturgias de cada dia, e os diversos trabalhos a serem assumidos pelos confrades durante o encontro O encontro dos jovens
No início da noite do primeiro dia do encontro, aconteceu a chegada dos confrades das casas de fora, em momentos distintos, muito fraternalmente acolhidos no Priorado de Itinga, pelos confrades locais. No dia seguinte, começou-se com a Celebração Eucarística com as Laudes, seguidas do desjejum. Logo após, houve uma dinâmica de entrosamento, e a seguir, os jovens se reuniriam para debate e aprofundamento do texto do Abade Geral Thomas, Mostrar o essencial, enquanto os superiores e formadores se reuniriam com Ir. Dores para aprofundamento da temática solicitada a ela que os assessorasse, a partir do texto preparatório que ela enviou para que todos estudassem previamente, escrito pelo Irmão Marista Afonso Tadeu Murad, na revista da Conferência dos Religiosos do Brasil “Convergência”, intitulado Formar para a fidelidade numa cultura Light. Essa reflexão conduzida por Ir. Dores foi bastante rica e proveitosa, apesar de que nem todos os formadores e superiores houvessem aprofundado o texto previamente. Houve muita troca de idéias sobre os desafios da formação em nossos dias, tanto a respeito dos contra-valores da cultura light, como a respeito dos seus aspectos positivos, como também sobre problemas afetivo-sexuais trazidos por alguns de nossos jovens candidatos, e que podem dificultar ou até impossibilitar a internalização e a vivência dos valores próprios à vida consagrada Religiosa. Durante todo esse dia, enquanto os superiores e formadores trabalhavam essa temática da formação para a fidelidade e para a perseverança na atual conjuntura de valores e contra-valores da sociedade pós-moderna, os jovens se reuniram durante toda a manhã para aprofundar na reflexão e partilha, o texto do Abade Geral, e depois, no início da tarde, para ouvir os relatos de Pe. Andrés e Pe. Alexandre sobre promoção vocacional, e após essa colocação, os jovens jogaram uma partida de futebol. No primeiro momento desse segundo dia, os jovens foram divididos em pequenos grupos. Nos grupos foi feita a leitura do texto do Abade Geral; após a leitura e compreensão do texto, foi feita a partilha entre cada uma das casas. Cada comunidade em sua partilha aprofundou a leitura prévia que havia feito do texto. Na partilha dos grupos, seguiram-se os passos e questionamentos sugeridos pelo próprio texto, que fazia uma relação entre o chamado de São Paulo, o de São Norberto, e o de cada um de nós, procurando pontos comuns e enfatizando aquilo que é essencial. Enfocou-se ainda o trabalho pastoral das comunidades (Canonias) através do testemunho e a transmissão do nosso carisma, de nossa espiritualidade nas paróquias que os Priorados acompanham pastoralmente, e a resposta do povo ao nosso apelo de vida de comunhão, bem como a nossa vivência como Igreja. Além disso, cada um partilhou sua experiência vocacional e o seu cultivo na vivência comunitária de cada casa (canonia). Conforme a apreciação dos jovens (uma vez que a maior parte dos formadores, e todos os superiores não estiveram presentes às reflexões feitas pelos mesmos, por estarem concomitantemente trabalhando outro tema com a assessora Ir. Dores), a formação foi uma das grandes preocupações abordadas pelos grupos nesse dia.
No 3º dia pela manhã, refletiram conjuntamente os superiores, formadores e formandos, sobre a dimensão humana nas diversas etapas da formação, assessorados pela Irmã Dores, que destacou a importância da transparência na relação formador / formando, de modo que esta relação se estenda também de forma positiva ao povo de Deus e seja ainda um referencial de vivência sincera do carisma norbertino. No início da tarde, Pe. Andrés e Pe. Alexandre partilharam com os superiores e formadores o que haviam tratado no dia anterior com os juniores, sobre promoção e pastoral vocacional, e houve uma rica partilha dos superiores e formadores sobre o que seria bom assumir em cada uma das canonias a esse respeito, diante da contribuição trazida pelos dois irmãos, e os formadores da Canonia de Itinga consideraram importante também iniciar um trabalho vocacional mais sistemático. À tarde, houve um passeio ao centro histórico de Salvador.
Houve no quarto dia, pela manhã, a apresentação feita pelo Abade Emérito Paulo Meyfroot do texto preparado pelo confrade Côn. Christophe Monsieur, sobre a tradição Litúrgica da nossa Ordem, As Vésperas Pascais na Ordem Premonstratense, que suscitou no grupo a decisão de divulgar a todas as casas, os textos Litúrgicos já traduzidos para o Português, a fim de que cada casa os possa adaptar e utilizar. Logo após, os confrades Ir. Alessandro (professo solene de Montes Claros) e Ir. Michael Johnny (noviço de Leffe) apresentaram a todos o trabalho que vêm realizando no site Norbal e com a revista Aliança Premonstratense. Durante toda a tarde, houve um passeio à praia, num momento muito rico de esporte, lazer e confraternização Na noite do segundo e terceiro dias do encontro, houve momento de espiritualidade: recitação do rosário, e adoração e bênção do Santíssimo Sacramento. Na última noite, houve apresentações culturais e folclóricas de roda de samba, capoeira, e pratos típicos da Bahia, além de outros momentos de confraternização.
A avaliação do encontro
Ainda conforme a avaliação dos jovens, a leitura do texto do Abade Geral, sua compreensão e partilha entre as comunidades foi uma das grandes riquezas do encontro. Consideraram uma pena que não tenha sido possível a leitura, e aprofundamento das temáticas abordadas, em partilha com os formadores e superiores. A diversidade cultural permitiu-lhes experienciar que a vivência do carisma acontece também na pluralidade, e que, mesmo com as suas dificuldades, traz boas evoluções e lhes possibilita a auto-transcendência. Na avaliação feita pelos superiores e formadores, antes do término do encontro, também se lamentou a impossibilidade destes de acompanhar a reflexão e a partilha feitas pelos jovens sobre o texto Mostrar o Essencial do Abade Geral; enfatizou-se como muito positiva a assessoria de Irmã Dores (à qual se sugeriu dar continuidade num próximo encontro); e como muito positivos também, o esforço por um acolhimento e hospitalidade muito bons e fraternos, por parte dos irmãos do Priorado de Itinga, além de todo o empenho de organização de Ir. Joel. Lamentou-se também alguns momentos de ocorrência de mais que uma moderação, o que tornava em algumas ocasiões, confusas e duplas as comunicações e orientações do encontro. Considerou-se oportuno que se continuasse a promover tais encontros, marcando-se para após o Capítulo Geral de 2012, o próximo, a ser realizado na Abadia de Jaú (durante a terceira semana de julho de 2013, da segunda até a sexta-feira), a ser preparado pelos confrades de lá, com a ajuda que queiram solicitar aos irmãos das outras casas. Para o conteúdo desse próximo encontro, se mencionou: 1 – A continuação do trabalho da Irmã Dores com os superiores e formadores; 2 – Desenvolvimento do tema: “Sacerdotes e irmãos leigos” em nossas comunidades; 3 – As decisões e o conteúdo do capítulo geral de 2012, como fundamento para um trabalho ulterior com os juniores.
Em uma apreciação geral, os presentes estavam muito satisfeitos com esse encontro, com a sua preparação e com a sua realização, com os conteúdos e os desenvolvimentos. Considerou-se ter havido uma grande transparência; louvou-se muito a contribuição da Irmã Dores; todos apreciaram muito a participação do Abade Geral; o programa próprio para os formadores foi também considerado um ponto positivo; considerou-se que um encontro como esse pode promover a identidade da “circaria Latino-Americana”. Foi falado pela comunidade de Itinga que o encontro dinamizou também o seu Priorado (“dinamizar” foi uma palavra-chave do encontro) e foi considerado como um grande desafio para a jovem comunidade. Foi posto em relevo por muitos, o fato que a Ordem esteve representada ‘universalmente’ (Roma/Alemanha, Leffe, Chile e Brasil…). Considerou-se a participação do Chile como importante para estreitar os laços entre as casas da América Latina. Também foi apreciada a boa colaboração, os vários serviços, a boa convivência dos jovens, a experiência do que distingue cada casa das outras, o caráter amistoso e simples da maneira de tratar uns com os outros. Todos os participantes agradeceram muito à casa de Itinga pela boa acolhida e pela realização do encontro.